24 agosto 2011

INCLUSÂO SOCIAL E ESPIRITUAL NA IGREJA



INCLUSÂO SOCIAL E ESPIRITUAL NA IGREJA
Kleiber Almeida Morais[*]
“Meus irmãos, não tenhais a fé em nosso Senhor Jesus Cristo, Senhor da glória, em acepção de pessoas...” (Tg 2:1-13)
Nunca na História desse País...”. Esta frase tornou-se célebre através da boca do ex-presidente da República Luís Inácio Lula da Silva. Em vários de seus discursos o presidente a empregou como jargão para enfatizar “suas conquistas”. Tomo aqui a liberdade de fazer uso de tão presidenciável frase com o propósito de aplicá-la ao contexto de nossas igrejas evangélicas brasileiras no que tange a um assunto ainda tão pouco “lembrado”.
Nunca na História desse País falou-se, discutiu-se e debateu-se tanto como agora a respeito da acessibilidade e da inclusão social. Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) existem hoje no Brasil cerca de vinte e quatro milhões e seiscentas mil pessoas portadoras de deficiências. Dentre estas, mais de nove milhões são portadoras de algum tipo de deficiência física. Para que fique mais claro, isto corresponde a mais de sete vezes o número de habitantes da nossa capital, Goiânia.
Por mais que os dados pareçam nos assustar, o ponto positivo é que Nunca na História desse País cobraram-se tantos investimentos na área da educação, transporte público, esporte e lazer, com o propósito de inclusão social e o direito de ir e vir por parte das assim denominadas pela sociedade “pessoas especiais”. E, por mais que muitas dessas reivindicações já tenham sido atendidas, a verdade é que ainda estamos bem distantes de um modelo ideal de sociedade inclusivista.
Tão ou mais preocupante que a abertura social para os deficientes físicos, é a abertura espiritual que se tem dado a eles. Basta olhar ao redor e logo perceberemos em quão despreparada realidade estão inseridas as nossas igrejas. A começar pelas estruturas e arquiteturas de nossos templos, passando por pessoal (in)capacitado e chegando até o próprio interesse dos líderes, não seria mera falácia aplicarmos veementemente a primeira parte do capítulo dois de Tiago ao contexto evangélico pós-moderno. Uma vez que, sem dúvida, esse (des)preparo e este (des)interesse de nossas igrejas não nos apontam outra coisa senão o grande erro da ACEPÇÃO.
Obviamente Tiago está tratando naquele contexto quanto à deferência aos ricos e a indiferença para com os pobres. O que também na verdade não deixa de ser um problema social. Contudo, a aplicação deste ensino reflete diretamente na questão aqui discutida, pois a recomendação do apóstolo em não se fazer acepção implicava justamente em que os cristãos não deveriam formar os seus (pré)conceitos baseados apenas em exterioridades. O ponto alto aqui então, fica justamente com a seguinte questão: A quem nossas igrejas visam alcançar?
Quem merece ouvir e freqüentar nossos cultos? A que público alvo nossos templos são projetados para receber? O que querem dizer alguns cristãos quando expressam interesse em se construir uma sociedade “forte” e “sadia”? Que programações nossas igrejas oferecem às pessoas que estão dentro e fora delas?
A bem da verdade precisamos ser honestos conosco mesmos, pois por mais que tenhamos desempenhado com fidelidade o nosso “Ide”, Nunca na História das igrejas evangélicas desse País foi tão necessário reconhecermos que temos esquecido que essas “pessoas especiais” também necessitam ouvir a respeito da salvação, não só para recebê-la, mas também para desenvolvê-la com temor e tremor, como agora. Portanto, precisamos rever os nossos conceitos. O próprio Tiago é quem também diz: “Pois qualquer que guarda toda a lei, mas tropeça em um só ponto, se torna culpado de todos” (v.10).
O investimento em projetos sociais / evangelísticos com o propósito de alcançar, discipular e enviar deficientes físicos, alterando a própria estrutura física da maioria de nossos templos com a implantação de rampas e corrimãos, treinamento de pessoal e aquisição de materiais (como a Bíblia em braile, por exemplo) não só traria nova vida e motivação à igreja, como também tiraria de nossos ombros o preconceituoso pecado da acepção.
Devemos nos lembrar que a porta do Céu é estreita, mas sem dúvida, ACESSÍVEL a todos os que n´Ele crêem. E para que possam crer não poderão ser “esquecidos"!



[*] O autor do presente artigo é Evangelista na IPB de São Luís de Montes Belos-GO desde janeiro de 2005. É Graduado em História, Pós-Graduado em Bíblia e atualmente cursa Bacharel em Teologia pelo SPBC em Goiânia.

Como Evitar Desequilíbrios Religiosos*

Arthur W. Pink




Vigilância, orão, autodisciplina e aquiescência inteligente aos propósitos de Deus são indispensáveis para qualquer progresso real na santidade. Existem certas áreas de nossas vidas em que os nossos esforços para sermos corretos nos podem conduzir ao erro, a um erro tão grande que leva à
própria deformação espiritual. Por exemplo:



1. Quando, em nossa determinação de nos tornarmos ousados, nos tornamos atrevidos.

Coragem e mansidão são qualidades compatíveis; ambas eram encontradas em perfeitas proporções em Cristo, e ambas brilharam esplendidamente na confrontação com os seus adversários. Pedro, diante do sinédrio, e Paulo, diante do rei Ágripa, demonstraram ambas essas qualidades, ainda que noutra ocasião, quando a ousadia de Paulo temporariamente perdeu o seu amor e se tornou carnal, ele houvesse dito ao sumo sacerdote: "Deus há de ferir-te, parede branqueada". No entanto, deve-se dar um crédito ao apóstolo, quando, ao perceber o que havia feito, desculpou-se imediatamente (At 23.1-5).


2. Quando, em nosso desejo de sermos francos, tornamo-nos rudes.

Candura sem aspereza sempre se encontrou no homem Cristo Jesus. O crente que se vangloria de sempre chamar de ferro o que é de ferro, acabará chamando tudo pelo nome de ferro. Até o fogoso Pedro aprendeu que o amor não deixa escapar da boca tudo quanto sabe (1 Pe 4.8).


3. Quando, em nossos esforços para sermos vigilantes, ficamos a suspeitar de todos.

Posto que há muitos adversários, somos tentados a ver inimigos onde nenhum deles existe. Por causa do conflito com o erro, tendemos a desenvolver um espírito de hostilidade para com todos quantos discordam de nós em qualquer coisa. Satanás pouco se importa se seguimos uma doutrina falsa ou se meramente nos tornamos amargos. Pois em ambos os casos ele sai vencedor.


4. Quando tentamos ser sérios e nos tornamos sombrios.

Os santos sempre foram pessoas sérias, mas a melancolia é um defeito de caráter e jamais deveria ser mesclada com a piedade. A melancolia religiosa pode indicar a presença de incredulidade ou pecado, e, se deixarmos que tal melancolia prossiga por muito tempo, pode conduzir a graves perturbações mentais. A alegria é a grande terapia da mente. "Alegrai-vos sempre no Senhor" ( Fp 4.4).


5. Quando tencionamos ser conscienciosos e nos tornamos escrupulosos em demasia.

Se o diabo não puder destruir a consciência, seus esforços se concentrarão na tentativa de enfermá-la. Conheço crentes que vivem em um estado de angústia permanente, temendo que venham a desagradar a Deus. Seu mundo de atos permitidos se torna mais e mais estreito, até que finalmente temem atirar-se nas atividades comuns da vida. E ainda acreditam que essa auto-tortura é uma prova de piedade.


Enquanto os filósofos religiosos buscam corrigir essa assimetria (que é comum à toda raça humana), pregando o "meio-termo áureo", o cristianismo oferece um remédio muito mais eficaz. O cristianismo, estando de pleno acordo com todos os fatos da existência, leva em consideração este desequilíbrio moral da vida humana, e o medicamento que oferece não é uma nova filosofia, e sim uma nova vida. O ideal aspirado pelo crente não consiste em andar pelo caminho perfeito, mas em ser conformado à imagem de Cristo.



*Extraído de: Devocional do mês da Editora Fiel